App desenvolvido no DF oferece dicas de cuidado para crianças com câncer
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Imaginar os efeitos do tratamento de uma doenca como o cancer ja e tarefa desafiadora quando falamos de pacientes adultos. A missao requer ainda mais cuidado quando o assunto sao criancas. Foi pensando nesse publico que a professora do curso de Farmacia, Patricia Medeiros, submeteu o estudo que originou o aplicativo PedOnco a Fundacao de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).
O estudo foi atendido pelo Edital nº 4/2021 Demanda Espontanea da FAPDF. Para o presidente da Fundacao, Marco Antonio Costa Junior, este projeto representa “um olhar profissional e abrangente na saude e faz toda diferenca no cotidiano do atendimento publico. A FAPDF se orgulha em fazer parte desse estudo que transforma a maneira de olhar para o tratamento do cancer seja do ponto de vista da familia, seja a partir das necessidades da crianca”, conclui o presidente.
Antes do desenvolvimento, o projeto foi submetido ao Comite de Etica da Faculdade de Ciencias da Saude da Universidade de Brasilia (UnB). “Ao identificar as principais barreiras de adesao, notamos que os familiares tinham dificuldade para entender as nomenclaturas dos medicamentos. Em seguida, percebi que todas as familias tinham acesso ao celular. Fomos muito bem recebidos pelas familias. Notamos que, inclusive, muitas criancas tinham nivel maior de letramento digital que os proprios pais ou cuidadores”, explica a pesquisadora.
O processo estabelecido por Patricia incluiu a validacao dos desenhos que ilustram o PedOnco, nos quais as criancas podiam explicar se entendiam ou nao o que cada figura representava dentro do tratamento feito. O metodo tambem foi aplicado na instituicao catolica Casa Pio, que realiza atendimento em saude nas regioes administrativas Estrutural e Sol Nascente.
“Foram feitos diversos capitulos para atender as demandas que coletamos, alem de folders com receitas que as criancas da oncologia podiam fazer em casa. As vezes, uma crianca sente vontade de comer uma coxinha vendo outra crianca. Inclui receitas adequadas para evitar que essa crianca se sinta excluida e possa fazer em casa. Tem receita de pizza, suco laxante, suco constipante etc.”, explica Patricia.
A professora aponta, ainda, que a demanda da enfermagem do Hospital do Cancer tambem foi atendida com o projeto. “Abordamos no material o cuidado ao administrar sondas em casa, sobre os medicamentos fotossensiveis que podem agredir a pele. Entramos muito na parte de seguranca dos pacientes”, completa.
Linguagem e acessibilidade
O aplicativo foi traduzido para o ingles e e possivel a transicao de idioma de maneira acessivel e intuitiva. A linguagem utilizada e simples, ludica e ilustrada. Tudo isso foi observado no intuito de diminuir a barreira de adesao estabelecida pelo comite de etica previamente consultado.
“Uma ex-aluna da Nigeria participou dos testes do projeto e aplicou a metodologia em postos de saude por la. Percebi alguns dos meus alunos estagiarios acompanhando os pacientes que usavam o ombro desses estudantes como auxilio para caminhar. Foi quando eles me fizeram perceber a quantidade de pacientes com deficiencia visual que estavam no Hospital do Cancer”, relembrou a profissional.
A partir deste episodio, Patricia entendeu que seria necessario tambem um material que pudesse incluir as criancas com deficiencia. “Implementamos na ferramenta um sistema em que o texto transcrito sai em formato de audio. Esse mesmo sistema esta sendo utilizado para maes de pacientes com baixo letramento. Fica mais facil a compreensao quando elas estao escutando”.
A fase tambem inclui testes na Escola de Cegos e o resultado foi um corpo medico relatando o sentimento de inclusao, o que tambem foi pontuado pelos alunos. “Ate que enfim fomos lembrados”, foi a frase descrita pela professora ao relembrar da troca com os alunos.
A iniciativa do aplicativo PedOnco alcanca a meta numero tres da Organizacao Mundial de Saude, que preve o engajamento da familia e dos pacientes. “Os profissionais se sentiram extremamente satisfeitos, a diretora do hospital no final da apresentacao me incentivou a fazer um proximo projeto que possa medir o impacto entre o antes e o depois, quando detectado o problema, as medidas tomadas e o impacto dessa acao. Notamos um aumento muito grande no empoderamento da familia e na autoestima dos pacientes”, finaliza Patricia.
*Com informacoes da FAPDF