Simpling

UnB e ONU desenvolvem aplicativo de saúde indígena

Sentimento

Nenhum

Valoração

R$ 4.552,38

Data Publicação

28/01/2025

15:14h

28 janeiro, 2025 15:14

28 janeiro, 2025 15:28

Por meio do aplicativo, espera-se tambem sensibilizar os profissionais de saude no atendimento aos indigenas. Foto: Maruja Producoes/IEB

No esforco de ampliar o acesso a saude para comunidades indigenas refugiadas e migrantes, comecou a ser testado, em Belem (PA), o uso de um aplicativo de interpretacao denominado LUA – Linguagem Universal Acessivel . O aplicativo, desenvolvido pela Universidade de Brasilia (UnB) em parceria com a Agencia da ONU para Refugiados (ACNUR), e fruto do projeto “Maior Acesso a Saude para Comunidades Indigenas por meio de um Aplicativo de Interpretacao”. A iniciativa, que esta sendo implementada por meio do Fundo de Inovacao Digital do ACNUR, tem como objetivo aprimorar a comunicacao entre os povos indigenas e os profissionais de saude, a fim de garantir um atendimento mais eficaz e humanizado nas unidades de saude que atendem comunidades Warao.

“O aplicativo Lua e um sonho antigo do grupo de pesquisa e extensao Mobilang da Universidade de Brasilia, que desde 2011 presta servicos de interpretacao comunitaria para que pessoas que nao falam portugues possam acessar servicos publicos e assim garantirem seus direitos”, comenta Sabine Gorovitz, professora da UNB e lider do Grupo Mobilang. Atualmente, o Grupo Mobilang gerencia um banco com cerca de 150 interpretes voluntarios previamente formado e cobre um total de 20 linguas diferentes.

O projeto esta sendo implementado em parceria com o grupo Mobilang da Universidade de Brasilia (UnB), com o apoio da Secretaria Municipal de Saude de Belem, o Instituto Internacional de Educacao do Brasil (IEB) e o Conselho Warao Ojiduna. “Como interpretes Warao e de lingua espanhola para portugues, temos a certeza de que poderemos ajudar o nosso povo Warao por meio do aplicativo”, destaca a interprete voluntaria, Gardenia Cooper Quiroz.

A chefe de escritorio do ACNUR em Belem, Janaina Galvao, destacou a importancia de garantir que pessoas deslocadas a forca tenham acesso pleno a servicos e direitos na comunidade de acolhida. “Ferramentas digitais como este aplicativo representam um passo transformador, nao apenas por viabilizar uma comunicacao mais eficiente entre os profissionais de saude e as comunidades indigenas refugiadas e migrantes, mas tambem por fortalecer sua inclusao e dignidade. O apoio do Fundo de Inovacao do ACNUR foi essencial para possibilitar esta solucao inovadora, que ja esta gerando impactos positivos em Belem,” afirma.

Por meio do aplicativo, espera-se tambem sensibilizar os profissionais de saude no atendimento ao povo Warao. “Acreditamos que eles vao ter um entendimento melhor do que os Warao passam no dia a dia, de como eles interpretam e entendem o que e saude, o que e doenca, e assim poderao adaptar seus cuidados e atencao aos Warao, explica Clementine Marechal, analista socioambiental do IEB.

Para Vitor Nina, diretor da Secretaria Municipal de Saude de Belem, o aplicativo e capaz de ajudar nessa intermediacao cultural e sera essencial no atendimento das pessoas em qualquer um dos servicos de saude. “A gente entende que e um passo fundamental para a organizacao de uma rede acolhedora a essa populacao que nos procura”, ressalta.

Saude no aplicativo

A fase inicial do projeto, realizada em setembro e outubro de 2024, incluiu treinamentos para 20 pessoas refugiadas em interpretacao comunitaria e forense, complementado por um curso de portugues instrumental. Essa formacao permitiu que membros da propria comunidade se tornassem interpretes voluntarios. Essa fase tambem contou com a formacao para os profissionais de saude de Belem em intercompreensao linguistica. Ambos os treinamentos buscaram fornecer ferramentas para reduzir as barreiras linguisticas e culturais no acesso aos servicos basicos de saude.

Durante a segunda fase, ja no final de 2024, se realizou um primeiro teste de usabilidade do aplicativo em quatro unidades de saude e duas unidades de saude mental habilitadas para atender a populacao Warao. Esse primeiro teste envolveu 45 participantes, incluindo interpretes, agentes comunitarios de saude, medicos, enfermeiros e outros profissionais da rede de saude, alem de representantes das instituicoes parceiras.

Neste momento, entramos na terceira fase do aplicativo, onde entregamos a plataforma para os profissionais de saude de Belem, que atendem as comunidades Warao e para os interpretes. Nessa fase, ocorrera o teste real do aplicativo, no cotidiano dos atendimentos, e um momento crucial e determinante para o projeto, pois serao os feedbacks que receberemos durante o monitoramento, durante os proximos 5 meses, que indicarao o potencial do aplicativo e se podera ser uma ferramenta eficaz para diminuir as barreiras linguisticas e culturais no atendimento a saude e/ou os ajustes necessarios para o seu aperfeicoamento.

Sobre o Fundo de Inovacao Digital do ACNUR

O Fundo de Inovacao Digital oferece as operacoes do ACNUR apoio financeiro e tecnico para implementar iniciativas inovadoras que abordem desafios enfrentados por pessoas que foram forcadas a se deslocar e apatridas. O objetivo e empoderar as comunidades a utilizar tecnologias digitais de forma segura, promovendo seu bem-estar e autossuficiencia. Saiba mais sobre o Fundo de Inovacao Digital do ACNUR.