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Chips que simulam vasos sanguíneos auxiliam na produção de remédios

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Data Publicação

16/09/2024

06:00h

» Karin Santin*

Cientistas desenvolveram chips que simulam vasos sanguineos e linfaticos para ajudar na producao de medicamentos. A ideia e que sejam utilizados desde o processo pre-clinico a testagem farmaceutica. Contribuicoes potenciais incluem acelerar testes, aumentar a seguranca e reduzir experiencias com animais. A pesquisa e conduzida pela Universidade de Agricultura e Mecanica do Texas (TA&MU), nos Estados Unidos, cujo foco se concentra em analises clinicas relativas de doencas vasculares e hematologicas.

Os resultados do estudo foram publicados na revista cientifica TA&MU. Os autores buscam aplicar a pesquisa em celulas para desenvolvimento de tratamentos sob medida. "Testar medicamentos e o valor comercial final porque voce esta sempre interessado em lidar com uma doenca e curar pacientes", afirma Abhishek Jain, professor de Engenharia Biomedica e lider do laboratorio responsavel pelo estudo, em comunicado a imprensa.

Os chips utilizam sistemas microfluidicos com uma rede de capilares (tubos) de diametro similar ao de um vaso sanguineo em que celulas sanguineas sao bombeadas em velocidade semelhante a do corpo humano. "Os capilares podem ser revestidos com celulas parecidas com as da parede vascular ou com proteinas encontradas na parede vascular. Assim, e possivel verificar interacoes entre as celulas no vaso e as respostas das celulas as drogas a serem testadas", destaca Nicola Conran Zorzetto, coordenadora do Laboratorio de Inflamacao Vascular do Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutora em Bioquimica.

Para a conclusao dos testes clinicos, sao esperados, em media, de 10 a 15 anos, considerando, o intervalo entre a descoberta e a aprovacao final. "A implementacao (dessa tecnologia) tambem tem potencial de reduzir custos e melhorar a eficiencia do processo de desenvolvimento farmaceutico", diz a pesquisadora Suelia Siqueira, doutora em Engenharia Eletronica Biomedica que pesquisa a tecnologia organ-on-a-chip ("orgao em chip" em traducao livre) na Universidade de Brasilia (UnB).

Segundo Siqueira, essa tecnologia pode ser equipada com microssensores que monitoram o comportamento celular em resposta a estimulos em tempo real. De acordo com ela, esses aparelhos atuam como biomimeticos, que buscam reproduzir funcoes fisiologicas de orgaos e tecidos humanos. "Celulas humanas do tecido de interesse ou celulas-tronco sao cultivadas dentro do dispositivo e mantidas com solucoes que promovam seu crescimento e manutencao", descreve.

Para Nicola Zoerzetto, da Unicamp, uma das utilidades de chips microfluidicos seria avaliar a deformabilidade de celulas - brancas e cancerigenas -, para a pesquisa e tratamento de doencas relacionadas ao sangue. Ela acrescenta que a analise dos globulos vermelhos e outra via potencial de pesquisa, como no caso de alteracoes de deformabilidade e formato em quadros de malaria. "No nosso laboratorio, utilizamos o sistema microfluidico com biochips para estudar como celulas sanguineas de pacientes com anemia falciforme interagem e aderem para entender os mecanismos da doenca. Acompanhamos tambem os efeitos beneficos de tratamentos recebidos por eles", relata.

Suelia Siqueira, da UnB, afirma que a area de pesquisa e confeccao de chips biomimeticos enfrenta desafios de infraestrutura e financiamento no Brasil, principalmente em comparacao a paises como os Estados Unidos e a Alemanha, avancados na area. Ela desenvolve um trabalho junto a equipe de cientistas do Nucleo de Pesquisas e Inovacao em Organ-on-a-chip e Engenharia de Tecidos da UnB para analise da angiogenese em feridas cronicas. "A proposta principal seria o teste de equipamentos medicos desenvolvidos pela equipe, como os de luz LED e biomembrana de latex natural, que promove a cicatrizacao", destaca. (K.S.)

* Estagiaria sob supervisao de Renata Giraldi

Dispositivo com tecnologia para processar quantidades muito pequenas de liquido utilizando canais minusculos em que o fluxo e controlado por valvulas. Os canais tem espessura menor do que a de um fio de cabelo e podem ser feitos em papel, vidro, geis ou polimeros. Devido a pequena escala do sistema, os liquidos fluem de maneira estavel, replicando uma mecanica presente em sistemas naturais como o sistema circulatorio humano.